Transformação
Um céu de mariposas
me aconchega e devora:
essas noites frias e negras
as cinzentas asas do pôr-do-sol que se fora
e restara apenas a luxúria no meio desse caos infindo.
Um céu de mariposas
transformando-se em borboletas
me transforma
em novas borboletas
que as fadas pousam
e pintam os sonhos
em preto e branco.
Cores não há.
Borboletas cinzas,
algumas poucas em tons azuis claros
e raras misturadas
nessa dança que me consome:
altas horas noturnas
e me mostra os caminhos
pelos quais não sei trilhar.
Um céu de borboletas
pousam nos versos,
nas tramas,
nas teias peregrinas do meu ser
e peregrinam entre os meus cabelos
cor de vento e luar.
Essas mariposas!
Tão atrevidas!
Tão absolutas!
Absortas dentro das novas borboletas
que se abrem como rosas no meio do deserto.
Mariposas
de línguas de fogo
douradas e amargas
como o veneno
que embriaga
e enlouquece.
Elas não trazem a morte
mas sim a boa sorte
de uma nova estrada
que a minha alma etérea
me revela
os teus retratos
entre os lençóis
me entorpecem
teu corpo moreno
suado e gostoso
sem eira nem beira.
Apenas a loucura
toma conta do caos
onde a luz do êxtase se acende
e nada mais importa.