Transformação

Um céu de mariposas

me aconchega e devora:

essas noites frias e negras

as cinzentas asas do pôr-do-sol que se fora

e restara apenas a luxúria no meio desse caos infindo.

Um céu de mariposas

transformando-se em borboletas

me transforma

em novas borboletas

que as fadas pousam

e pintam os sonhos

em preto e branco.

Cores não há.

Borboletas cinzas,

algumas poucas em tons azuis claros

e raras misturadas

nessa dança que me consome:

altas horas noturnas

e me mostra os caminhos

pelos quais não sei trilhar.

Um céu de borboletas

pousam nos versos,

nas tramas,

nas teias peregrinas do meu ser

e peregrinam entre os meus cabelos

cor de vento e luar.

Essas mariposas!

Tão atrevidas!

Tão absolutas!

Absortas dentro das novas borboletas

que se abrem como rosas no meio do deserto.

Mariposas

de línguas de fogo

douradas e amargas

como o veneno

que embriaga

e enlouquece.

Elas não trazem a morte

mas sim a boa sorte

de uma nova estrada

que a minha alma etérea

me revela

os teus retratos

entre os lençóis

me entorpecem

teu corpo moreno

suado e gostoso

sem eira nem beira.

Apenas a loucura

toma conta do caos

onde a luz do êxtase se acende

e nada mais importa.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 12/01/2008
Reeditado em 12/01/2008
Código do texto: T813372
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