NO PALCO, SOL MAIOR OU SOL MENOR?
As cortinas foram abertas
e mais um poema parece tomar corpo.
Na cena que rola...
de repente,
todo o agora já é ontem.
Nunca tente guardar um agora...
porque nada metafísico cabe nas gavetas
do tempo.
Luzes, câmeras, atos!
tudo ,absolutamente, imprevisível.
Até a plateia parece adormecida,
às ordens do diretor..
Sob um inexorável comando
O roteiro é como livro aberto.
Os personagens entram e saem...
alguns apenas passam imperceptíveis
como figurantes zumbis, sem visíveis saídas.
Outros fazem avalanches e escombros.
Poucos desenham a poesia...
Os protagonistas sempre acreditam
ser algo estupendo pelos palcos
das existências fictícias.
Encenam todas as glórias de si mesmos.
Acreditam na ilusão simplória das nobrezas.
Expectantes de egos infláveis
degustam as palmas, nunca indeléveis,
que os glorificam na miragem dos agoras que já não são.
Só depois, como meros castigados,
quitam suas tantas faturas
dos ilusórios apogeus.
Nem sempre imbuídos de consciência causal.
O diretor é implacável.
É ele uma espécie de deus que "faz-tudo"!
Trabalha na surdina.
Abre e fecha as nobres cortinas
sem aviso prévio.
É ele a regra e o contrarregra.
Comanda todos os sentimentos.
Promove um coma vigil nos espetáculos.
Arruma e desarruma os cenários,
Configura e desconfigura todos os atos.
Improvisa e rearranja todos os temas e roteiros ...
os que pareciam encenados para sempre.
É o diretor quem dá o tom das músicas temáticas.
Harmoniza e desarmoniza todos as escalas.
Parece degustar todas as partituras dissonantes.
Em Sol maior...ou sol menor?
Depende da licença poética.
Nos "scripts" do que é apenas mais um agora
Surgem os marionetes dançarinos
acreditando que dominam as cordas
e todas as difíceis e impostas coreografias.
Os atos seguem...
Sol maior...sol menor?
Até que se cumpra a vontade
nunca submissa, do grande diretor.
É ele quem sempre grita mais alto.
Ordena.
E tem algemas para os que ousam sonhar...
É ele quem aplaude o próprio roteiro
Onde é palco, ator e plateia,
Na mágica de sempre ser....
mas sem nunca ficar.
Coloca quaisquer cenas em repouso
a seu bel prazer.
Na cena que se desenrola
Mais um agora já é ontem.
Sem revogação a tempo de...voltar.
Em Sol Maior...ou sol menor?
Depende de quem ousou sentir e interpretar!
Saibam:
O Diretor é ser intangível
e autocrata.
Nunca tente dominá-lo com as mãos
Porque ele é arisco e fugidio.
Ele apenas perpassa e rasga todo o sentimento.
A seu tempo,
é ele o devido e exato Tempo,
Seja em Sol Maior ou sol menor.
É ele...um senhor absoluto de toda a orquestra !
Sempre o soberano Diretor de todos os nossos tempos.