BALADA DO ABSURDO

Duvida, pois não há terra à vista onde exista a perfeição

debalde, se é certo que, na vida, querer o que não temos

vem da pulsão da entranha, da estranha humana condição

perdida nessa selva de pedra onde prendemos-nos, em nós,

atrapando-nos em teias sublimes na busca cega da razão

Muda, pois só o aprendizado gera mutação, eis a única certeza

do universo a natureza é, senão a luta, essa silenciosa dança

do fogo e do gelo que molda sua essência e dá forma à beleza

Aceita, mas antes, contudo, aprenda o valor e quando dizer não

que a escolha é antes limitada por si e, em ti, não há mais nada

a temer, porque cada devir é próprio, esteja ciente da sua opção

para que no fim possa, por fim, sorrir ante a derradeira badalada

Convida, que o sentido é entrada, não saída, está no cerne da vida

o qual se sente e descobre talvez até melhor em meio à solidão

assim se vê que só é possível vive-lo plenamente em comunhão

e em tempo, desde que se faça a tempo, frente ao meio absurdo

perceba que o salto é a beira entre o abismo e a porta da prisão

Segue, qual quiseres desses poucos, porém, loucos caminhos

de uma mesma direção, olha, suspeito e sem medo, ao leito

desse rio aéreo em cujas águas turvas jaz o espelho da ilusão

Perdoa, mesmo, mas o direcione sempre a ti e teu erro primeiro

de bom grado aceite o preço, que o perdão só é verdadeiro

quando está disposto ao recomeço, traz à sombra um clarão

e visa inexoravelmente evoluir por meio da transvaloração

NoOnee
Enviado por NoOnee em 20/07/2024
Código do texto: T8110925
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.