Prece sem razão.

Não sou o dono de qualquer verdade

Nem senhor jamais eu fui

De nenhuma vontade, além das minhas

Eu não tenho aquele olhar que exclui

Não é minha a voz que manda

Tenho os sentidos que ouvem

E olhares que veem

Não faço parte do grupo que tinha ou que tem

Enfim

Sei que fica tudo sempre tudo bem

Porque as coisas são assim

Se olhar direito e prestar atenção

A voz da ilusão não combina com ela

Fica sempre aos mais atentos

A velha impressão que essa voz não vem dela

Uma das duas é bela, outra não

Não sou dono de qualquer verdade ou senhor da razão

Sigo a voz dos ventos sussurrando em meus ouvidos

Fecho os olhos pra enxergar sentido

Porque sei que as coisas são assim

E que, apesar de tudo

Tudo fica sempre tudo bem

Porque é assim que as coisas são

Razão, verdade, ilusão ou sentido

Antes, nunca tinha me sentido assim

Até que um dia percebi

Que a voz da ilusão

Junta gente em multidão e grita em frente à praça

Enquanto a voz dos ventos me procura

Quando estou na mais completa solidão

Na hora escura da vida

Numa prece humlide, na beleza mais bonita da verdade

Na simplicidade da oração

E cura a dor sentida, num sorriso de alegria

Carrega a tristeza que eu tinha

E tudo fica sempre tudo bem

Porque não sou dono da vontade de ninguém

Além das minhas

Sinto-me em paz

Me encontro em mim

E fica tudo sempre tudo bem

Sem qualquer necessidade de que exista uma razão.

Edson Ricardo Paiva.