CANOA ENCANTADA

"Às margens...a observar o rio de dentro da gente"

Aquela canoa ...verso flutuante...

Flutua no tempo , hábil navegante

Que paira no rio...e pela água afora,

Pende sem futuro, quiçá nem agoras!

Trinca o lado fraco, tênue...sucatado!

E quase que tomba...sem nenhum atalho,

Tenta alcançar a linha do horizonte,

Mas por ora encalha...num pequeno monte.

Dança ao som do vento...parece a deriva,

No fulgor da lua, busca a sua guarida!

Se enrosca na rede, seca e sem peixe...

Segue pelas águas sempre a sentir sede!

Aquela canoa sequer tem bandeira...

Perdeu o seu rumo pela corredeira!

Toca para frente...como todo barco

Sempre a prosseguir, carregando o fardo.

Ela jamais soube...mas é encantada...

Carrega a poesia...é abençoada!

Sente que tem vida, que tem coração...

Então continua...p’ra atracar num chão.

E lá no horizonte...já ao sol poente

Fraca se levanta... a olhar para frente...

Quando então percebe estar por um fio,

Pois sua tênue proa...também se partiu!

Então trava a luta contra a correnteza,

Embora desconheça a sua natureza!

Aquela canoa...de proa ofegante...

Tem asas de poeta!- é um vôo rasante...