Duas vidas
Primevo, ele, silente, quando deixou de unir os cílios,
era sempre o mesmo nefelibata, a tal sensação,
na qual o mundo nela girava- fazendas ou idílios -
Estava perto - áurea, presente - só não o quão.
Ao dia, se estendiam as lidas; ela, perfazendo tarefas,
suspirando tacitamente, defronte olhares de sempre:
Quando será arrebatada por um galhardo, um 'cefas',
neste cujas asas ascenderiam, co'alguém no ventre?
Ela já o via em eflúvio, já sentia em fitar; Ele sabia o palato
só de tocar. E, na carruagem das idas e vindas, a paisagem
deveras mudou. Vincos surgiram, o espelho ali, delato
Só fazia por constatar o intocado destino. E, na aragem,
sendo uma das trapaças da vida, ambos descansam, sem saber
Dos duzentos anos, distantes, que juntos os impediram de viver.