Não há ninguém em casa
Andei uma longa trilha sob chuva,
As roupas coladas entre frio e tremores,
A chateação apagava meus pensamentos,
Embaralhava as ideias já tortas,
Os dentes muito tensos apertados,
Uma mordida sem maçã,
Sem pecado, sem doces,
Apenas me perdi na estrada
De retorno à mim,
Talvez distraindo-me,
Esperando me reencontrar...
Não há ninguém em casa,
O endereço estava errado,
Há muito que só o vazio restou,
As paredes desbotadas,
Não há ninguém em casa,
Mudou-se para onde o vento faz a curva...
Andei milhas na rodovia sob vento,
As roupas amarrotadas cheias de areia,
A desesperança abraçando meus ombros,
Mesclando lembranças e esquecimentos,
Os olhos lutando para enxergar,
Uma visão turva sem óculos,
Sem letras, sem poesias,
Apenas me perdi nas dores,
Toque dos machucados,
Talvez remendando-me,
Esperando me curar...
Não há ninguém em casa,
O número não é mais o mesmo,
Há muito que só o silêncio restou,
As janelas sem vidraças,
Não há ninguém em casa,
Mudou-se para os confins do infinito...