Contemplando o céu

Do horizonte perplexo de luz, o sol abraçava o meu ser inteiro

E nas sombras noturnas, a lua beijava minha face

Desse encontro astral perdido em rostos de pedra

As lágrimas não caíram, pois pedras não podiam chorar.

Jamais entenderei os mistérios sufocantes da madrugada

Ou o sentido de vagar perdido por estes desertos em ventos torturantes

Hoje apenas pedirei, ao menos uma vez, sentir novamente o seu calor

Afundado na loucura do todo onde me perdi em seu cheiro.

Manso, leve e incompreensível, como um suave vôo virginal

Desabitado, impassível e lento, a manhã que refresca minha fronte sã

Como um planar idílico de firmes pudores de minutos eternos

O desatino do amor transcendendo das minhas misérias.

Quando minhas lágrimas dançaram dramas com as suas

E o sopro divino notou minha respiração, soando ritmada

Eu te amei novamente e ninguém me ensinou esse caminho.

Pelas estradas da tristeza, eu o teci de angústias sozinho.

A simplicidade se oculta em densos mistérios, ausente de preocupações

Em um tenso romance que vibra aos céus em intensas moções

Existe apenas o eu e você no abraço que me guarda,

Na eterna ventura de existir plenamente.

Da gélida indiferença oca, partida em vindoura manhã

Minha face se revelou plena de alegria.

E nesse mar que navegamos por longínquas horas.

Acumulo sedento a esperança de você voltar a mim.

Mas é egoísmo querer o mundo do meu jeito...

Preciso levantar, sair por aí e buscar os sedentos,

Porque não quero mais que sofram, nem sejam privados de escolher.

Nós iremos juntos, nesta tarde de morte, viver,

E aos seus pés cantaremos, juntos, a canção do renascer.

Suas mãos cravadas, seus braços puxados, seu corpo rasgado,

Ensinaram-me que o amor não é expresso em simples palavras,

Mas complexo, não disserto por verborragia

Vivido plenamente no coração que arde.