[des-memória]
Venho de cidades tão antigas quanto o tempo
onde os sábios consultam o
destino
nos olhos dos jovens
no sangue das famílias nobres
cartas marcadas
e poderes hereditários
onde há tempos
a lembrança era sempre doce
o futuro sempre incerto
as mudanças eram víboras que envenenavam aos homens
no meu tempo tudo era melhor diziam os oráculos e os filósofos
assim
as mulheres prosseguiam atarefadas
com as crianças
homens com seus casos nos braços das amantes
pois o porvir era sempre perigoso
o refúgio era uma célula do passado
que por fim estourei de minha vida
através do sabor de
mergulhar no oceano do esquecimento