E despiu-se de tudo ...
Com a xícara na mão e sonolenta, ela caminha até o corredor do prédio antigo.
Olha a natureza e subtrai o mais belo e pensa na existência frágil do ser.
Ela é a responsável por si mesma. Sempre fora; e na tenra idade já se questionava.
Refletia sobre as próprias emoções e contava os dias e os momentos; mas intuia que eram meras ilusões.
Ela pensa na morte por causa da vida. E de súbito reconhece-se em todas as aparências maquiadas.
Uma águia aflita pia no ar e mergulha num voo candente até uma pequena preá. Ali estava uma fragmentada cena respondendo sobre luta e sobrevivência.
Por dentro, mil vidros em estilhaços, sangue e dor. Essa imagem vibrou como sinos ressonantes com um semblante na tristeza e o outro no tempo próprio do ser. Vida e morte.
Um gênese feroz. Um pacto de mistério. Uma visão incomunicável e etérea.
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A Morte do Cisne - Anna Pavlova.