Dervixe

..., e eu, rodopiando!...

Dervixe nesse desmedido palco,

extasiado pelo virar da vida.

Visto alegorias mil,

em inimagináveis tons policromáticos.

Bebo da mais castiça essência

e me embriago.

Me farto de quimeras,

sorvendo-as em grandes goles.

Sobejos sonhos...

Anseios pueris...

Facticidade...

A vida como ela é,

na exata medida:

tudo plástico, concreto ou aço.

..., e eu, rodopiando!

O que diz o oráculo,

me serve de prumo.

Medeia sem partir-se

e sem burlar o tempo.

Sou indivisível.

Meu relógio

tem enésimos ponteiros

e não se particiona

em 12 momentos temporais.

Minha existência

é mais que um minuto.

E rodopio...

Por entre instantes e frações maiores!

Rodopio.

Por entre dentes e fissuras,

rodopio.

Rodopio em espiral infindável.

Perenemente...

Rodopio,

em uma existência impassível

que nunca se extingue.

Um ponto final que é púbere princípio!

Sempre.

Como se o fim nunca existisse...

Entre automóveis e

mal acabados projetos de vida.

Rodopio!

Entre princípios e precipícios

entre todas as coisas...

Entre anjos, demônios...

E os que não são uma coisa ou outra.

Rodopio e desperto de um sonho

sem ter certeza que é real!

Sem certeza que dormi!

Sem certeza da minha própria existência.