Francisco Tárrega
Oh tempo
vais me deixar ser feliz?
aqui, agora
quanto mais quero, mais formas irei encontrar para engendrar no teu meio?
mais irei me revoltar
por não estar completamente revoltado?
enlouquecerei, sairei a correr por todos os campos
com pressa de viver todo este meu sonho?
ou me renderei à velha, batida melancolia
de ser eu mesmo e de o mundo ser?
viverei para lá deste sonho ou morrerei nas franjas do tempo?
então olho para mim mesmo e grito e sussurro e suspiro:
– me deixa ser!
vai me soltando aos poucos, até não sentir mais falta de mim, fugindo sob a noite enluarada
de Francisco Tárrega...