TRAVESSIA
Sol de ocaso do meu viver
Outono da alma que se esvai
Primavera tardia a florescer
Tarde de outono sol posto
Janela da alma em contemplação
Sulcos vincados no meu rosto
Vinha de uma safra já no fim
Vinho especial para os amantes
Crisântemos ensaiam no jardim
Olhar ao longe filosofando
Perguntas tantas sem respostas
Areia dos meus dias entornando
Sonhos meninos fugidios
Remotos tempos em que se foram
Floresta algazarras de bugios
Poema inacabado que esvaece
Mãos senis crispadas em prece
Poente das ilusões perdidas
Longe um sino triste tangencia
Uma lágrima acaricia as rugas
Ocaso anunciando a travessia.