PÉTALA





Transparente, perfumada
caída ao acaso
dentro da jarra
essa pétala
quer ser uma rosa.

À noite, fica mirando o céu
às vezes sangra águas
pelo que ainda nem foi
nem viveu.

Quer desdobrar-se, ser precisa,
ser rosa -rosa, enfim!
Mas o jardim está tão distante,
os pés da vida são  itinerantes...
Como eternizar-se assim?

Viver a irrealidade, ó petala
em humildade secreta
e ser só perfume?
Ou ir, por fim, 
repousar na página de um livro
esse teu sonho antigo?

- será esse o teu fim?


Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 05/01/2008
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T804792
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