O passo do tempo

O passo apressado do tempo

valsa ao desalento

e incessante pulsa

seu peso e seu preço

transformam o meu ar em passado

me amarrota o rosto

meu corpo deforma

e minha vida avinagra

já semi morto

singro no denso espaço

sigo no encalço de alcançar com tento

seu rito, seu ritmo

no seu algoritmo de seu próprio tempo

que só a si soma

e a mim, subtrai

tento, não venço

penso, moo, remoo

ressoo o que cai

em meu descompasso

em despropósito

por tudo que passo

tenso, me envolvo

me enlaço, me fundo

me entrego

me íntegro

mergulho profundo

pro oposto me calo

calejo e encalho

e nesse meu mundo

me perco, me acho

nele me confundo

e viajo se vejo

em desfiles nos meus pensamentos

um tempo

que não tem mais preço

nem tempo

pra tanto futuro

e entrementes jazo

no instante presente

há um furo

por onde esse tempo

longe de um futuro

sem ócio ou remorso

vaza pro passado.