MONÓLOGO DO EU INTERIOR



E fitam meus olhos

o grande templo da vida.

Os luares como grandes rios

sobre minha cabeça pendida.

As estrelas mortas nos lagos.

Os caminhos desconsolados
pelas lentas chuvas
que esvanecem os afagos.

Sem horizontes, sem manhãs.
Esperança -  graça vã.

 

Ainda no coração

essa carnação de flor machucada.

E a serenidade das montanhas

no olhar - essência  desolada.

Sonhando perspectivas 
de infinito na porta 
de uma única pousada.

 

No meu pequeno reino

a loucura  muda me envolve.

Sobe e desce escadas,

abre e fecha janelas.
Explode.

Esmola, sonha, beatifica-se.

Ramifica-se,

Isola-se.

 

Que rosto tenho,

na penumbra desse vazio?

A mão no ombro do sonho.

Me leve, me parta 
em duas, três...

Até que, por fim,
eu me cale de vez

em amor ou em  insensatez
e seja aquele ser feliz
ou aquela que partiu...

 

 

 

 

 

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 04/01/2008
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T803137
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