Relicário e a vela
Através do copo, vejo uma vela.
Limpo o candelabro.
Busco no relicário
Fragmentos de giz de cera.
Rabisco cartas em farrapos
E ponho na tigela.
São meus sonhos, súbitos e desarrollos
Tudo ali, auspícios.
Abraço a mesa
De vidro, têmpera gélida têmpora.
Esfumaço
Linha vital
Através do copo, vejo uma vela.
Chama flamejante
Com fulgor penetrante em meus olhos
Protege um pavio pálido e combalido
Mas o queima e o consome
Juntos os farrapos
Guardo no relicário
Fragmento meus sonhos
Apago a vela.
(Marcelo Catunda 24-03-2024)