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Corremos! Só corremos e corremos;
E atrás de nós estavam vários demos:
Abadon, Astoraoth e Asmodeu…
O dia tão brilhante escureceu,
Então rogamos todos numa prece,
E, de repente, eis que do céu desce:
Arcanjos, principados e virtudes –
Os arredores eram juventudes,
Os seres celestiais – dourados anjos –
Mostraram os seus cânticos có esbanjo:
Veuhiah, Miguel, Roguel, Assalian,
Assim como as estrelas da manhã,
Lutaram co’s demônios e os venceram,
Até que alguns demônios pereceram.
E Rafael nos disse: “Eis que está perto!
Estais andando no caminhos certo!”
Então foram subindo um a um
Não mais tinha vestígios – sim nenhum
E agradecemos todos ao bom Deus
Que a prece nossa ouviu e atendeu,
E vimos que o deserto se acabava
E numa escura mata se formava,
Rugidos e rosnados nas florestas
Um frio subiu da espinha à nossas testas,
Os olhos verdes vivos da pantera
Com da raposa lobo – quantas feras! –
Rosnavam todos juntos co’o leão,
Cercavam-nos com muita precisão,
Para quererem nos amendrontar
Mas algo – sim – fazia-nos passar,
E as feras nada nos fizeram;
Pois lá é só pecados que imperam,
Andamos confortados e sem medos,
E vimos – que terrível –, um degredo,
Bem mais, que Escondido pelas ervas,
A multidão mui triste – a caterva –
Com um pavor no rosto um tanto estranho,
Nas faces não há carne – só langanho –
Cadáveres tão pútridos – fedidos,
Queriam nos fazer muitos pedidos
Pra se livrarem de seus sofrimentos
Oh! Quanta angústia! Quantos vãos tormentos,
A cada choro - cada confissão,
Até que nós sentimos compaixão,
Mas que fazer meu Deus para salvá-los
Se por uns vão problemas – uns abalos –,
Em Ti não mais quiseram confiar
Somente blasfemar e blasfemar!
“Mas que lugar estranho?! Tão notório!...”
“Não sabes inocente?! O Purgatório!...”
(continua…)