Magma iceberg
Olho por entre meus dedos,
vejo através, sou um fantasma?
As cores me atravessam,
estou em uma espiral?
tudo parece transcendente,
meio psicodélico, anos 70,
calidoscópio de imagens,
projetor de pictografias,
quem eu sou? O que sou?
Porque sou? De onde sou?
De onde vim? Para onde vou?
As perguntas filosóficas,
as indagações terapêuticas,
e continuo sem saber,
não tenho as respostas,
dentro de mim há inquietação,
moram enigmas e quebra-cabeças,
não há soluções fáceis despontando,
só cores e ao mesmo tempo ausência,
cinzas, brancos, pretos, chumbos,
o que contam de mim os fragmentos?
o que dizem de Minh 'alma?
Estou a sonhar que estou acordado?
Estou acordado desejando sonhar?
não sei, não sei, não sei para onde ir,
dentro de mim há tantos labirintos,
caminhos que ninguém conheceu,
segredos ocultos em esquecimentos,
silêncios há muito soterrados,
mas há também imensos jardins,
plantações inteiras de papoulas,
de tulipas, de jasmins e girassóis,
porque sou melancolia em contraste,
sou a tristeza e a alegria no convívio,
sou o magma fervente e o iceberg,
sou a tela em branco e as tintas atiradas,
de um Pollock até às vezes um Monet,
de rabiscos salpicados à paisagens,
sou a música clássica que acalma,
sou o rock and roll que agita,
mas se olhar para mim não verás,
as pessoas usam mal os olhos,
veem o que querem, o que gostam,
veem o que se permitem iludir,
não querem ver verdades, não sabem ver,
têm smartphones presos aos olhos,
não são capazes de ir além do aparente,
não há coragem de se perder na profundidade,
sou uma caverna coberta por vegetação,
escondida em uma montanha distante,
na imensidão do universo silencioso,
no barulho que ressoa em minha mente,
transcendente em sonhos e imaginação,
não me verás se teus olhos forem cegos...