Corcovado
Breves, Corcovado, 21 de fevereiro de 2024.
Eu aqui
Qualquer hora
Qualquer Era
Qualquer lugar do pensamento
Desejo que o universo sorria numa enchente
Da Palestina até o rio da minha infância
Eu tô falando do Marajó
Eu tô falando de minha geração
Eu tô me referindo ao sangue fervendo do Equador
Até mesmo em anoitecer
E se uma estrela cadente viesse a mim
Eu pediria a resistência dos povos
Eu pediria licença pra poder amar o futuro
Eu ia querer ser um aguapé
Pra sair à toa por aí
Bestando sem ser abestado
Maravilhado
Para ver o nascer do sol e o poente
Mas certamente eu solicitaria que viajasse uma carta
Dessas perdidas pelas marés
Que assim expusesse o carinho de quem reza em epístola:
"Envio esta carta esperando te encontrar bem e com saúde.
Aqui estou com muita saudade e apesar de não estar perto de ti, todo dia peço aos céus e à terra que te protejam.
Aqui a novidade é que estou estudando muito para entender o mundo e mesmo com o trabalho apertado, sempre busco aprender, até mesmo com um possível mururé que possa levar esta carta a você.
Espero assim que quando enfim o valente mururé chegar no porto de destino, um japiim maroto pegue a carta e deposite na janela de macacaúba da tua casa, perto do teu vaso de hortênsia".
Tudo eu desejaria das histórias: alegres, firmes e tristes até.
Tudo em nome da experiência fantástica de estar vivo, vento no peito, paisagens passantes como um corredor, de uma viagem no tempo.
O tempo de imaginar diversas formas de poesia.