Janela Mágica
Ouço barulhos na porta,
mas não há fechaduras,
nem chaves que a abram,
só uma janela por onde sair,
me lançar ao infinito sem medo,
portais de mundos distantes,
escuridão total que me cega,
pessoas que murmuram baixo,
escombros do que era a cidade,
um rabisco sobre um desenho,
uma experiência de sombra,
sem luz, sem fogo, sem nada,
medo, solidão e frio assomam,
pulo dali em um estalo de dedos,
caindo pela janela sem fundo,
nas cores de um arco-íris,
intensidade no vermelho em chamas,
no azul cor do oceano profundo,
no amarelo sol da estrada de tijolos,
estou perdido, não sei o caminho,
Bruxa dos ventos do Oeste ou do Leste,
Leão Covarde, Espantalho apaixonado,
Dorothy, cadê vocês para me apontar,
o rumo certo dessa vida de rodopios?
Cadê o Mágico de Oz quando preciso?
As cores machucam meus olhos,
salto pela janela novamente,
atravesso um novo universo,
estrelas e planetas na imensidão,
constelações inteiras me chamando,
talvez eu seja um astronauta,
caindo, caindo, caindo, caindo,
em um mar de balões de aniversário,
ou seria uma piscina de bolinhas?
Ou seriam as almofadas do meu sofá?
Estou em casa, olhando para a lareira,
enquanto retorno desse estranho sonho...