A PRAIA PARTE I –

SONO DANADO NO ÔNIBUS

 

Nilson chegou na estação da Lapa

e sentiu sono, sentiu tanto sono

o maior sono que um eletricista jamais

sentiu; TANTO sono na vida…

 

Ele era o primeiro.

 

Quase que quis que antes dali,

tomasse um leve choque elétrico

numa tomada qualquer…

ou uma dose de conhaque.

 

Entrou no ônibus e dormiu.

 

Despertou sozinho no coletivo

desceu meio aturdido, o ônibus

como um avião já tinha partido.

 

Tão rápido quanto

dinheiro de diária.

 

Naquela praia não havia

ninguém de um lado areia

muito menos do lado mar.

 

A vida continuava dali

E Nilson sabia que

estava vivo, bem vivo.

 

Coisa que bem sabia

do pouco que aprendeu…

 

era que estava

bem vivo na vida

 

e que por isso tudo sentia

toda dor era doída, todo riso

era largo.

 

Mas agora no nada…

não havia mais a regência

de parentes ou de patrões…

 

A vida pela primeira vez

dependia de: Pra que lado

ele iria…?

 

Ele que mal assinava seu

próprio nome, agora tinha diante

de si um papel em branco

de uma nova existência.

 

Olhou prum lado…

Olhou pro outro…

 

“Pra que lado…?”

 

[continua]

 

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 22/02/2024
Código do texto: T8004213
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