A PRAIA PARTE I –
SONO DANADO NO ÔNIBUS
Nilson chegou na estação da Lapa
e sentiu sono, sentiu tanto sono
o maior sono que um eletricista jamais
sentiu; TANTO sono na vida…
Ele era o primeiro.
Quase que quis que antes dali,
tomasse um leve choque elétrico
numa tomada qualquer…
ou uma dose de conhaque.
Entrou no ônibus e dormiu.
Despertou sozinho no coletivo
desceu meio aturdido, o ônibus
como um avião já tinha partido.
Tão rápido quanto
dinheiro de diária.
Naquela praia não havia
ninguém de um lado areia
muito menos do lado mar.
A vida continuava dali
E Nilson sabia que
estava vivo, bem vivo.
Coisa que bem sabia
do pouco que aprendeu…
era que estava
bem vivo na vida
e que por isso tudo sentia
toda dor era doída, todo riso
era largo.
Mas agora no nada…
não havia mais a regência
de parentes ou de patrões…
A vida pela primeira vez
dependia de: Pra que lado
ele iria…?
Ele que mal assinava seu
próprio nome, agora tinha diante
de si um papel em branco
de uma nova existência.
Olhou prum lado…
Olhou pro outro…
“Pra que lado…?”
[continua]