Geranções
Abro para você,
Caro leitor amigo,
Meus segredos.
Confio minhas
Alegrias
Mágoas
E dolores.
Na cumplicidade
Que não exige nada.
Confio porque quero.
Conto-lhe:
No coração,
De meus antepassados,
Muitos rancores
Acumulados.
Estrangulavam-se,
Mas não falavam.
Túmulos lacrados.
Amores separados.
Eu falo!
Para continuar viva.
Abro-me!
Porque os fantasmas
Não têm piedade.
Vagam por aqui
O tempo todo.
E eu os expurgo
Incansável,
Inventando histórias.
Não para alterar
O passado,
Mas para iluminar
O agora.
E talvez, talvez,
Também o amanhã.
Para que meus filhos,
Quem sabe, meus netos
Tenham histórias
Mais reais que as reais.
Que tenham esperanças!
E lembrem dos antigos
Dos já idos com amor e graça.