A toda brida*

Enquanto busco por verdades
nas loucuras que cometo
talvez encontre tolas vaidades
nas juras que me prometo
talvez suborne meus sentidos
no prazer de alguns sabores
mesmo que sejam talvez fingidos
ou que depois me gerem dores
mas enquanto busco quem sou
quanto mais o tempo passa
da cicatriz mais funda que ficou
ou da paixão que teve mais graça
sempre sobra uma lição
que fica no peito marcada
fazendo agora parte do coração
pedaço da minha alma levada
que se lambuza, então, na incerteza
como se fosse um porre de alegria
pois percebe que no fundo... a beleza
que me embriaga agora de euforia
não fica apenas no final
aliás... fica... muito pelo contrário
como ponto transcendental
em cada passo imaginário
que feito pegadas na areia
que cedo ou tarde são lambidas pelo mar
nos mostram quem somos nesta teia
tão transparentes feito o ar
viajantes desta vida destemidos
que buscam um sol em cada passo
mergulhados nos prazeres e sentidos
deixando a alma livre no espaço
e assim... enquanto busco por razão
em cada desacerto que pratico
a única certeza que me resta na mão
é que quanto mais sujo... mais me purifico
quanto mais incerto... melhor me defino
pois desta vida sou um mero viajante
deste corpo... sou apenas inquilino
mas da minha vontade... sou comandante


04 de dezembro de 2007, 18h35
guerinis@uol.com.br


Poema inspirado na canção Unexpected Rain de Melissa Etheridge

* Expressão da Língua Portuguesa que significa: “disparada”