Minha panteística trindade
Nas margens dos rios onde a terra se esconde,
encontro os segredos que o mundo esqueceu.
Pedras, árvores e rios são a minha trindade
Onde minha alma mergulhou e amanheceu.
As pedras, testemunhas do tempo e da história,
Guardam esculpidas em sua pele a real memória.
As pedras são as flores das ruas da vida quentes
Onde chuvas, cães, passos e o Sol beijam diariamente.
As árvores são profetas calados de braços abertos,
E entrelaçam-se em valsas ao sopro do jazz do vento.
Seus galhos tecem gestos de sombra e luz certos,
E suas raízes se aprofundam no tempo lento.
Os rios são serpentes de água que serpenteiam,
Que carregam consigo as canções da natureza.
Com suas águas límpidas que pelo ar vagueiam,
Refletem os lábios azuis de sua transparente beleza.
Em cada pedra dorme uma palavra cheia de portas.
Nas árvores os versos macaqueiam como crianças.
Nos rios a poesia anda nas águas cheias da bonança,
Como o trovejante canto das árvores mudas e tortas.
Pedras, Árvores e Rios são a trindade encantada
Numa dança densa dentro da sombra do nada.
Pedras, Árvores e Rios são as raízes do Universo
Que criam do caos tempo, voz e a vida em Verso.