MEDO DE OLHAR
Olhar nos teus olhos,
Ver-te de perto, além da razão,
A partir da tua alma, sentir a emoção.
Sentir-te!
Contemplar tua beleza, em plena visão.
Não negaste esse 'Desejo' tão forte,
Mas fui eu quem o trancou,
Tentei lutar, mas falhei...
E como tentei, sem saber o que sou!
Desespero!
É difícil manter aparências fragmentadas,
Feitas neste mundo de verdades forjadas.
Pedaços sociais que moldam gestos e palavras,
Um corpo movido à razão, onde tudo se trava.
Convenção social!
Palavras lançadas ao vento, sem direção,
O inconsciente, guiado pelo mais puro 'Desejo',
Tenta expandir-se, sem limitação,
Quer ser simplesmente EU, sem restrição.
Por que não o fiz?
Medo do novo, de viver ou sentir?
De promessas feitas ao acaso, sem pensar?
Já não sei o que em mim há de persistir.
Fujo para longe, onde a razão me guarda,
Neste espaço seguro, sem medo que me tarda.
Ali posso viver meus devaneios diários,
Ser EU em um mundo de 'Desejos' e 'Lamentações' imaginários.
Sentir-me-ei 'Bem', temporária ilusão,
Neste mundo deserto, sem qualquer emoção.
E, talvez, livre como sou,
Será que é isso o que desejo, afinal?