Eu não sou o Resultado da tua Inspiração
Sensações bordam o novo
Museus suspensos, jazigos imateriais
Um povo vela dentro do meu corpo
A luz imprópria desperdiçada com os anos
Guardar é um deleite, pertencer é um parêntesis
Cinema-velório trocando olhos por fissuras
O presente como materialização sobrenatural
A voz em hiato, deitada sob pedras de mármore
Ver um tipo de milagre ambulante
Apenas os primogênitos se ajoelham
Os pecadores cerram os dentes
A inveja é uma irmã e um deus
Conhecer tais persuasões
Os sons que contemplam o desespero
Minha pele inexpressiva autuando um teatro
Toda a cor em mim, são seus olhos derretidos
Meu terror oprimido dentro dessa face
Que me gira pesos e diz ser a idade
Que recomenda dores e diz ser calcanhares
Aquiles, você é um motor ou um Lázaro em mim?
Tire a humanidade, tire os músculos
O ridículo suspiro ao desconhecido
Alimentar-se de grunhidos
Azedume e o desmonte de orifícios
Astros desvairados erram os caminhos
Esvaziando o espírito para fora da hesitação
Saudado os filamentos desprendidos da memória
Esquecer é sobre tudo uma vingança polida
Eu não sou uma estrela
Eu sou um devorador de planetas
Eu não sou a imagem pela qual reza
Eu sou a fome de um buraco negro...