Eu não sou o Resultado da tua Inspiração

Sensações bordam o novo

Museus suspensos, jazigos imateriais

Um povo vela dentro do meu corpo

A luz imprópria desperdiçada com os anos

Guardar é um deleite, pertencer é um parêntesis

Cinema-velório trocando olhos por fissuras

O presente como materialização sobrenatural

A voz em hiato, deitada sob pedras de mármore

Ver um tipo de milagre ambulante

Apenas os primogênitos se ajoelham

Os pecadores cerram os dentes

A inveja é uma irmã e um deus

Conhecer tais persuasões

Os sons que contemplam o desespero

Minha pele inexpressiva autuando um teatro

Toda a cor em mim, são seus olhos derretidos

Meu terror oprimido dentro dessa face

Que me gira pesos e diz ser a idade

Que recomenda dores e diz ser calcanhares

Aquiles, você é um motor ou um Lázaro em mim?

Tire a humanidade, tire os músculos

O ridículo suspiro ao desconhecido

Alimentar-se de grunhidos

Azedume e o desmonte de orifícios

Astros desvairados erram os caminhos

Esvaziando o espírito para fora da hesitação

Saudado os filamentos desprendidos da memória

Esquecer é sobre tudo uma vingança polida

Eu não sou uma estrela

Eu sou um devorador de planetas

Eu não sou a imagem pela qual reza

Eu sou a fome de um buraco negro...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 29/06/2023
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