Desvencilhar, descobrir.
Atenção plena a todas as coisas
aguçando as percepções
saltitando num emaranhado de sensações
permitindo que os olhos vejam o oculto
desbravando nos porões da alma
abrindo cortinas e janelas
iluminando até os cantos de cada quarto vazio.
Ainda em um pincelar de formas
no extâse de uma busca latente
de descobrir, finalmente, quem sou;
onde realmente se encontra a minha essência?
confundida com os panos que a cobri,
no fundo de um mar de águas em que me afoguei,
perdida no silêncio de uma voz que calou o real ser.
Tão vagas foram as ideias que roubei,
ou as que caíram em minhas mãos por conveniência.
Escrava de um medo irreal, talvez do outro...
talvez de vislumbrar o próprio âmago
iludindo-me há tantos anos
ao achar que o que vivia lá eram apenas sombras
e ao descortinar ver a mais bela das joias.
Desempoeirando tudo
deixando arder aquilo que fora adormecido
dando sopro ao que outrora sufocava
desatando os nós adquiridos...
e aos poucos perceber,
que as portas que estavam trancadas,
o farfalhar caótico de certas turbulências,
as mãos perdidas em corredores escuros...
ao ouvirem a singela voz dela, serena
abrem-se os caminhos, abrandam-se os conflitos,
iluminam-se todos os passos;
Pois é aí que finalmente ecoa,
sem rodeios,
a minha real voz, a voz da minha alma.