NÃO MAIS, NUNCA MAIS AMAR O DESEJO
Não queira, ilusoriamente, amar como não se ama.
Não deseje, apressadamente, o beijo que talvez nunca será teu.
Não pense nele e esqueça tudo o que é seu.
Não queira por perto essa dor que fere o eu.
Não enxugue a lágrima que de ti escorreu.
Não queira, totalmente, o dia e esqueça o que há no breu.
Não espere sedentamente o amanhã, o agora há de dar-te o que é ainda teu.
Não o deseje a ponto de se perder no que não é seu.
Não mais deseje, nunca mais, por completo, todos eles em ti não haverão mais.
E o que há de surgir no fundo, no vão e em pura contemplação.
Há de nada ter e tudo possuir, há de nada ser e tudo sentir.
Não mais querer e nenhum desejo possuir.