Clepsidra
Clepsidra
Delasnieve Daspet
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Para falar da poesia eu pararia o tempo. Descansaria nas horas.
Não falaria com o mundo e olharia na saudade, Cantaria as melodias da mocidade,
Os sonhos sorririam em perene satisfação como uma nuvem de chuva só minha.
Os cheiros da brisa, as plantas do verde que verde, as flores da noite abertas, pura boemia
Queria sentir de novo o vento nos cabelos, o beijo da brisa, na garoa que molhava
Os pés descalços no banho de chuva.
Comeria as frutas no pé. Araçás, mangas, escorrendo pelos lábios o sumo do viver.
Não cederia ao mal.
Pularia nas pedras, tamparia os buracos da maldade.
Trocaria os vícios pelos sorrisos.
De mãos dadas com os pássaros, sairia pelo mundo, em descoberta do existir.
Aprendendo a existir.
Rolaria na grama, andaria pelada, libertaria os cativos,
Iria conhecer minhas origens, mudaria o mundo e sorriria para ele – todos os dias.
Tempo, esse instrumento que não se corta, mas se pode medir. Com a água. Como a água.
Moldo e me amolda no tempo em que a poesia
Passa pela efemeridade da vida, da fragilidade humana e do desencanto.
Pois o tempo poético é a voz que fala dentro da poesia.
Nos fala de sentimentos e emoções.
E da criação. A voz do poeta é perene.
É a essência das alegrias e ilusões.
Caminhando feliz por estar viva!
06.02.23