NADA INFINITO
Queria amar o meu nada,
o vazio visceral que me habita.
Bem como, amar o nada do outro, o ego fétido distanciado da essência.
Pois, amo a paz e sua poesia,
amo uma fração do real:
a pétala, a íris, o sol no fim de tarde.
Assim, busco o que amo e tenho aversão ao que não amo.
E Deus me ambiciona todo,
inteiramente Ele e eu.
E Deus quer que eu ame todos:
a hóstia e o naco em bolor,
o sorriso e a chaga.
Quando eu amar o meu nada,
serei infinito e livre.
Porque não terei medo dele.
-Rafael Vieira