ONTEM...
Ontem te escrevia
Como aqueles dias mortos
Em que eu mesma adormecia
Como quem suscita vida
Entre o rio e a ancoragem
Um pescador e a rede
De lamentos e águas paradas
Em mim ressucitam momentos
Os dias, as horas
Concreto e o abstrato
Visões da alma nublada
O corpo e seus espasmos metódicos
Sensações das horas roubadas
De dias não vindos ainda
E uma certa cor de inspirações exauridas
Como a estrela que morre
Supernova de alma aflita
Feito canção que discorre
Igual fluir de razões
Circula o sangue na escrita
Um modo exato de perceber as sensações
De alçar amor asa vôo
E medos que não convém a quem está prestes a saltar no mergulho
Contudo o que mais almejamos
São esses sonhos permanentes
Que adentram a alma burlando a realidade
São esses sonhos selvagens
Impenetráveis
Que sentem o animal que ronda
Frio, insensatez e coragem