A SALVAÇÃO DA NAU IV
Enquanto isso a tormenta implacável
Castiga a nau de forma cruel,
Com chuva contínua e incessante
E nuvens carregadas no céu.
Navega-se entregue ao destino.
Não se enxerga um palmo adiante.
O horizonte há dias não se vê.
Somente enormes ondas pela frente.
Onde foram parar os nossos sonhos?
Em seu lugar agora só pesadelos.
Melhor que não tivéssemos sonhado
Aqueles sonhos para agora perdê-los.
E a guarda a quem tanto confiamos,
Ao perceber a tormenta deixou-nos ao léu.
Recolheu-se a reclusa da caserna
Deixando-nos ao destino do céu.
Desaba contínua a tempestade,
O povo da nau luta em sofreguidão,
Tentando evitar a todo custo
Que todo seu esforço seja em vão.
Enquanto lutam bravamente
Elevam preces a Deus:
Por que reservastes estes destino
Aos combalidos filhos teus?
Enquanto suporta firme a tempestade,
Vê-se a nau a cada dia enfraquecida.
Mas a cada hora há esperança
De que não sucumbamos nessa lida.
Seguem os esforços mesmo enfraquecidos,
Na esperança de que acabe essa sofreguidão.
Enquanto a luta for unida
A esperança não será só ilusão.