sobre a última experiência lisérgica
“usar não me faz mal, não me leva a fazer mal, me auxilia sensivelmente na introspecção mística.” gilberto gil, 1976
a introspecção mística
quais serão as memórias futuras
deste tempo-presente?
tempo de saúde,
tempo de desenvolvimento?
lembrarei-me das noites mal-dormidas?
dos incontroláveis pensamentos
da introspecção mística?
de certo, terei de considerar
o uso dos recursos
naturais e mundanos
para a necessária transcendência.
ontem chorei, a cabeça doeu
mas o livre-afeto apoderou-se de mim.
julgo esse
como o maior fruto
de minha luta interna.
em tempos passados,
nem mesmo o choro
que tanto me colonizava,
era exposto.
em 5 de agosto,
pude entender.
era a minha vida, a minha história
escrita nas nuvens.
desde então,
do mais sublime
ao mais dilacerante dia
vem essa memória me acompanhando.
ainda há
tanto a se transformar:
a dor em pedagogia,
o tempo em algo mais concebível....
mas é nesse limiar
entre os três marcos fundamentais
da experiência humana:
passado, presente e futuro
que me situo.
são as memórias
as verdadeiras construtoras
das grandes alamedas
do mundo vital.