A SALVAÇÃO DA NAU III
Segue a nau sob a tormenta
Chicoteando as velas impiedosamente.
Sobrepujando as ondas a nau aguenta
A surra da intempérie tão pungente.
No convés os homens extenuados,
Lutam sem cessar, imenso brio.
Mantém o ânimo continuado
Sem se importar com a chuva e o vento frio.
O mastrame deveras enfraquecido
Logo sucumbirá sob o vento.
O costado resiste bravamente
Entregue ao mar ensandecido.
Será dia? Será noite?
Não se sabe ao certo, sem noção do tempo.
O vento continua seu açoite
Assobiando sobre a nau triste lamento.
Cada instante que passa
É um pedaço de mastro que cai.
E de pedaço em pedaço
Lenta a esperança se esvai.
Será que não existe mais a esperança?
Será que não tem fim o sofrimento ?
Entregues ao destino e a tormenta
Esperamos misericórdia e alento.