A SALVAÇÃO DA NAU III

Segue a nau sob a tormenta

Chicoteando as velas impiedosamente.

Sobrepujando as ondas a nau aguenta

A surra da intempérie tão pungente.

No convés os homens extenuados,

Lutam sem cessar, imenso brio.

Mantém o ânimo continuado

Sem se importar com a chuva e o vento frio.

O mastrame deveras enfraquecido

Logo sucumbirá sob o vento.

O costado resiste bravamente

Entregue ao mar ensandecido.

Será dia? Será noite?

Não se sabe ao certo, sem noção do tempo.

O vento continua seu açoite

Assobiando sobre a nau triste lamento.

Cada instante que passa

É um pedaço de mastro que cai.

E de pedaço em pedaço

Lenta a esperança se esvai.

Será que não existe mais a esperança?

Será que não tem fim o sofrimento ?

Entregues ao destino e a tormenta

Esperamos misericórdia e alento.

Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 14/01/2023
Código do texto: T7694787
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