A SALVAÇĀO DA NAU II
Dias e dias e a tormenta
Implacavel não arrefece,
A angústia só aumenta
Enquanto a agonia recrudece.
As ondas nos atinge inclemente
Enquanto a nau resiste
A tanto açoite insistente,
Só a escuridão em volta existe.
A voz quer gritar: não sai o grito,
Ecoa na tormenta o lamento.
Busca-se socorro no infinito
Que atenue tanto sofrimento.
Será dia? Será noite?
As horas passam como eternidade.
Dias! Tantos dias de açoite,
Deus! Insuportável essa atrocidade.
Estendo a mão aonde a vista alcança,
Buscando frágil luminosidade.
Vã e inútil busca de esperança.
Parece inevitável a eternidade.
Pai, por que abandonaste teus filhos
Nessa agonia desmedida?
A nau escorre entre vagas
Que nos remetem para outra vida.
Será esse o nosso destino?
Açoitados pelo tempo implacável?
Ou veremos outra vez o sol,
Com o fim desse sofrimento interminável?
A nau suporta firme a tormenta.
Acoite implacável e sem fim.
Mas, até quando? Se lamenta:
Até quando, Deus? Aí de mim.