A SALVAÇÃO DA NAU
A nau balouça ante o mar encrespado,
O céu está escuro e agourento.
O vento silva açoitando as velas,
Nao se vê as estrelas no firmamento.
Rajadas de chuva, dura tempestade,
As velas são só tiras de pano.
O mastrame não tarde a dobrar-se
Ante a tirania do tempo soberano.
A rota agora é o que menos importa.
O imperativo é não sucumbir
Ante a severa turbulência
Que nos próximos dias há de vir.
E nesse pedaço ínfimo de esperança,
A vista prescruta ávida a ilusão.
Enquanto as imensas ondas nos atinge,
Um átimo de luz de salvação.
O implacável vento segue o açoite,
No costado que resiste bravamente,
No tombadilho sôfrego destino,
De toda desesperançosa gente.
Oh! Deus! Será que abandonaste teus filhos?
As mãos ensanguentadas se seguram,
Mas logo o olhar não terá brilho.
E pela noite escura segue a nau
Enquanto escorre pelo rosto a ilusão.
De que a tempestade logo acabe
E que chegue enfim a salvação.