Erros de outras vidas
A memória vigilante avista alguns sonhos
Uns do futuro, outros amargurados
De um passado distante.
Na curvatura maior do cérebro direito
Reaparece como alma, o refrão escondido.
Na janela da amplidão do subconsciente
Aparece-me novamente – cosas de outras vidas
Um vestido pálido cheirando à flor-do-campo
Um sorriso entristecido segurava a minha mão
Uma estrada de terra batida rumo à estação
Levava-me ao trem de uma viagem sem volta
Na janela da composição lágrimas corridas
Despediam-se da namorada para sempre.
Ao ver-te agora num canto escondido da memória
Quão covarde ao deixar-te ali toda sozinha
Delicada menina não mais donzela
Carregando no ventre a semente abandonada.
O esforço em vão do sonho para trazer-te à vida
Sepultou com lágrimas ao vento e, sem despedidas
O filho que jamais conheci. Na curvatura maior
Do meu lado inconsciente, grita no cérebro direito
A voz meiga e terna: não vá embora!
Por favor, não vai embora...