MORADA E DEMORADA
De ouvir o sentimento das máquinas
A solidão pelas casas
Tantos segredos absurdos
Não acreditava
E a silhueta na penumbra me contava
Que não se mora nos cômodos
Nem nas ruas
Nem nos quartos
O homem mora no homem
E louco de poder
Ambição de querer
Tenta colonizar a outros
Tenta seduzir com tantos
Que de muitos ficam poucos
O coração de metal que não pulsa
Enferrujou
Não tem óleo que dê jeito
Naufragou dentro do peito
O submarino sonar
Cada caso tem seus modos
E cada solidão seu ocaso
Cada morada (às vezes) cabem dois
Dois corações
Duas almas
Mas não se soma solidão
Que juntada uma à outra é só solidão e mais nada
E solidão compartilhada é companhia que muda
Não falava nada
Nem palavra ou disparada
E só
Ficou nisso, assim
Não tente pensar
Calar teu pensamento é impossível
Esse é o único dos silêncios ao qual o poeta não é imune
Vulnerável
E por ele é vencido o tempo todo
No seu silêncio reside um segredo
Impenetrável
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