A POESIA E O POETA
Queria escrever uma nova poesia
fugindo das rimas e versos habituais
Onde as palavras fluíssem soltas e descompromissadas
Como folhas perdidas em vendavais.
Não sendo necessária a preocupação com normas,
ou regras de gramática predeterminadas.
Apenas sentimento, para ditar seus versos
deixando o coração concluir frases inacabadas.
A imaginação de quem a lesse viajaria em suas linhas,
indo ao encontro de tudo que sonhar quisesse,
Sendo o poeta que a escreveu mera partitura
e a alma do leitor a criadora de musica ou prece.
Te busco poesia perfeita. - Onde estais que não te sinto vir?
Porque seus versos não se me brotam límpidos como quero?
Porque minh'alma se esvai sem tua sintonia e quedo-me,
sem te encontrar nas formas gentis que tanto espero.
Que resta então ao poeta que fracassa ao não ter tua rima?
- Responde poesia, tu que, já a milênios, brincas com o amor e ris sem dó?
- Diz-me como desabafar tanto sentimento que meu peito afronta
calando os ais, suspiros e dores por eu ser tão só.
- Não poesia, não te atribuo a culpa. -Não é a solidão uma obra tua.
Quem te escreve é que te faz alegre ou triste, não escolhes nada.
Te usa o poeta sem ao menos te dar o direito à decidir o jeito
e tu o aceitas como teu criador, dele nascendo sempre mais amada.
Poesia, rio que corre da alma
Poeta, barco à deriva
Poesia, forma pura de expressão
Poeta, sentimento...coração!
06/2004