Estranha
De olhos fechados deitada - a deusa
Beijada pelo sol no arrepio de um dia,
Comendo os ares e bebendo os astros
Nua, constrói seu pecado em poesia.
Dança no paralelo entre o chão e o céu
Cabelos nos olhos e no equador,
Da janela se enxerga, se ver bem maior
Pintando paisagens do que acabou.
Louca? Insana? Mulher? Lunática?
Desviada do real, amante do abstrato.
Nas curvas se perde do que está por perto,
De longe se encontra em autorretrato.
Estranha se mete num mundo inventado
Prefere o pecado de coisas fugidias.
Estrelas, cometas, pessoas e amor,
Só assim que completam sua alma vadia.