O Visionismo
Por incontáveis vezes interroguei minha alma, e até mesmo questionei o próprio Deus, a respeito do que seria a poesia. E somente após chafurdar-me em poemas dos mais variados estilos, épocas e qualidades; eu pude entender qual a finalidade da sublimação humana nesta arte:
Ver! O poeta é aquele que recebe a graça da Visão Divina, transformação da sua Imaginação naquilo que somente o Senhor dos Senhores pode ver... Ninguém se faz poeta, é Tornado! Aqui faço uso dessa palavra tanto como um verbo (tornar), quanto como um substantivo (nome do fenômeno).
Todo poeta é um profeta! Ele tem o ofício de transmitir aos homens um Vislumbre de Deus...
Dessa maneira então, encontramos aquilo que separa a falsa poesia, da verdadeira: a Revelação Divina. Nem toda poesia é verdadeira, algumas são mentirosas, revelando assim quem é seu Pai: Satanás.
Toda poesia verdadeira é Inspirada por Deus, e toda falsa é inspirada pelo próprio Diabo, assim como toda mentira. Conhecemos a Verdade através da Revelação, do Santo Espírito e da Santa Igreja; mas descobrimos a mentira através do engano, do Diabo e do Pecado...
Todo este livro foi escrito e pensado com o intuito de iniciar um novo movimento – escola – literário baseado nestas ideias, coisas que já foram ditas por grandes poetas como Blake, e por grandes críticos como Northrop Frye, mas que através deste novo pensamento será expandido, desenvolvido e consolidado.
Suas características estilísticas, além do que já foi dito acima, serão: a riqueza de metáforas e ressignificação do simbolismo, o preciosismo do vocabulário parnasiano, a presença da musa inspiradora e da explosão sentimental do romantismo e do arcadismo, a teologização de Blake e Dante; também haverá forte presença de sinestesia e aliteração, além de características modernas, como a métrica irregular, presença de versos livres, repetição de palavras e quebra de linhas (inspirado em Gullar), a desracionalização em alguns momentos (inspirado em Manuel de Barros) e alguns neologismos.
Apresento-vos então, o visionismo:
P(R)O(F)ETA
O Poeta Rumina o passado1, Regurgitando versos,
Confeccionando o Maná2 do ulterior que o Canibalizará.
Poesia é Canibalismo3, Coração é Prostituição4!
Caridade e Ferocidade em lânguida volúpia Poética...
Imagética! O Profeta – feérico – Antropófago, potência
Do Lúbrico. Filho do Lúdico com o Lunático, mágico!5
Profética... O ofício do Litúrgico tempo. Sempre
Regendo e Rogando, decrépito, ao vento. Choro...
Todo Venusto é Vetusto...
Todo Poeta é Profeta...
Tornando6 Claro7 o difícil - Apocalipse8 - fim no início.
O Profeta protela e destina,
O Poeta embeleza a sina.
Ambos amalgamados pelas correntes do Santo Ofício.
1O poeta em seu interior rumina toda a tradição poética, para através da Visão Divina, regurgitar a revelação.
2Referência ao maná que Deus entregou no deserto.
3Todo poeta é um canibal por obrigação, ele tem o dever de ser alimentar dos poetas passados, absorvê-los e vertê-los.
4 Coração tem o sentido de amor; e prostituição carrega a ideia expressa por Baudelaire, logo no começo de seu livro Meu Coração Desnudado.
5Mágico aqui foi usado com a ideia de feiticeiro, aquele que ganha poderes sobrenaturais através das palavras.
6Ideia previamente estabelecida de verbo e substantivo
7Carrega o sentido de iluminação, e não de fácil entendimento.
8Último livro da Bíblia, o escrito das Sagradas Escrituras onde a mistura poesia/profecia se torna mais evidente.