DENTRO DE MIM

Dentro de mim nunca se faz a hora santa.

Tudo é verde, nunca amadurece.

Quando um sonho dorme, o outro se agiganta

E ao final os dois despertam e fenecem.

Me darás a mão quando o caule velho

arcar-se ao peso das grandes chuvas?

Para onde irei lançar aquela única flor

que retive com amor sob águas turvas?

Correrão rios sobre minhas raízes,

Forças da natureza que nunca tive

Folhas n'água continuarão me escrevendo.

As estações serão as quatro faces

do meu teatro, dos meus disfarces.

Então saberás que continuarei vivendo.

(Lúcia Constantino)