ESPUMAS D'ALMA





                                "São muitos os fios d'água,
                                 muitas as folhas das árvores,
                                 muitas as trevas da noite:
                                 - de que lado vem a pequena voz assustada?"


                                                                         - Cecília Meireles




Talvez as águas não cessem tão cedo.
Entre as lupas e os segredos,
a noite faz seus mistérios.

Se alguém chora na penumbra,
sua branca espuma d'alma
adentra a sala,
poderosa e dolorosa,
mas
quem ouve suas falas?

Ave noturna, oceânica,
minhas asas embaçadas
pelo rosa-luz da solidão.
Sem azul do céu, sem mar,
sem porto,
nos silêncios, voando
sem existir
mais o meu rosto,
a não ser o do coração.








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Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 03/12/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T763600
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