Dança do vento
DANÇA DO VENTO
Sou a vênus no espelho
refletida nas águas do meu ser.
Eu não sabia que existia
esse outro pássaro
sem tramas
nem correntes.
Eu não sabia
meu pequeno beija-flor
flor-de-lis.
E o dia nasceu mais azul
adiante
como eu posso esquecer
- antes de partir -
as tuas asas celestiais
refletidas nas ondas
de um sonho um tanto lento
ao contrário do que possa parecer.
O divino e o profano
misturando-se
única e infinitamente
nessas águas
outonais
de rara pureza
nas horas vivas
de tua imagem clara
um déjá vu
uma miragem
viagem
feita de delícias
e nada mais.
Sou a fênix no espelho de fogo
a louca e demente
e nada mais.
Nem sei soletrar o teu nome
bendito colibri
de asas púrpuras.
Algo dentro de mim
se quebrou
em faíscas talhadas
à ferro quente e brasa.
A taça
vinho derramado
vidros no chão
- poesia dilatada -
partiu meu coração.
Tudo o mais
que você quiser (e puder)
criar
e o vento se põe a dançar
um samba
uma canção.
Teus olhos negros
refletidos
no primeiro beijo
sem o avesso
confesso
a alma
se distrai
e a ternura
- 360º invertida -
começa a pintar
estrelas
em teu corpo
devagar.