Dança do vento

DANÇA DO VENTO

Sou a vênus no espelho

refletida nas águas do meu ser.

Eu não sabia que existia

esse outro pássaro

sem tramas

nem correntes.

Eu não sabia

meu pequeno beija-flor

flor-de-lis.

E o dia nasceu mais azul

adiante

como eu posso esquecer

- antes de partir -

as tuas asas celestiais

refletidas nas ondas

de um sonho um tanto lento

ao contrário do que possa parecer.

O divino e o profano

misturando-se

única e infinitamente

nessas águas

outonais

de rara pureza

nas horas vivas

de tua imagem clara

um déjá vu

uma miragem

viagem

feita de delícias

e nada mais.

Sou a fênix no espelho de fogo

a louca e demente

e nada mais.

Nem sei soletrar o teu nome

bendito colibri

de asas púrpuras.

Algo dentro de mim

se quebrou

em faíscas talhadas

à ferro quente e brasa.

A taça

vinho derramado

vidros no chão

- poesia dilatada -

partiu meu coração.

Tudo o mais

que você quiser (e puder)

criar

e o vento se põe a dançar

um samba

uma canção.

Teus olhos negros

refletidos

no primeiro beijo

sem o avesso

confesso

a alma

se distrai

e a ternura

- 360º invertida -

começa a pintar

estrelas

em teu corpo

devagar.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 02/12/2007
Reeditado em 04/12/2007
Código do texto: T761289
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