Gato preto

Esse caso que agora vou narrar

aconteceu comigo e é verídico,

portanto acredito ter sido a sua maneira

tanto de me agradecer como me mostrar

que os gatos também têm um espírito

que também naturalmente

quando a sua vida física terminar

então exatamente como nós

eternamente viverá.

Esse gato era selvagem

mas todas as noites vinha comer

da comida que a minha prima

coloca todas as noites no quintal de sua casa

para todos os animais poderem se servirem.

Com o passar do tempo terminou aceitando

vir morar na sua casa

com os vários gatos que ela criava,

mas depois de alguns anos adoeceu

e, ao levá-lo no hospitas se descobriu

que tinha uma doença letal

e, assim, para não sofrer mais

terminou sendo posto para dormir

através de uma injeção, é claro.

Para examiná-lo teve de ser decapitado

e, porque não fora cremado

recebemos duas caixas,

uma contendo o seu corpo

e a outra a cabeça, de fato.

Por ter amado esse gato

e, por isso ainda estar abalada,

fui eu quem lhe sepultei

no quintal da sua casa

numa área onde costumava brincar.

Morava só num apartamento

quando na próxima noite

fui literalmente despertado

com um miau de gato

vindo do lado de minha cama

e, quando olhei para o chão

mais uma vez miou e me olhou,

era ele, o gato preto de peito branco

que no dia anterior tinha enterrado

e, provavelmente veio me agradecer

como realmente me dizer

que a morte não é o fim, de fato.

Orei por ele e, por estar exausto adormeci,

no dia seguinte e após tomar o meu café

fui até o computador escrever

tanto livros que paralelamente estava escrevendo

como poemas em diferentes coletâneas

de diferentes editoras que naquela altura participava,

quando fui destraído pelo interfone,

era o carteiro que tinha chegado com livros

que acabavam de chegarem do Brasil

devido as minhas participações

nessas antologias, é claro.

E, quando abria a minha porta

a minha vizinha de frente fazia a mesma coisa

e, admirada olhando para os meus pés comentou,

Silvio, que gato lindo! Não sabia que tinhas um gato,

então aproveitei a oportunidade e lhe pedi

para me descrever a sua cor

e, ao fazer lhe contei a história

que lhe deixou tão assustada

que rapidamente a sua porta fechou

sem realmente me dizer mais nada.

Depois do almoço dentre duas e três horas da tarde

gentilmente bateu na minha porta e se desculpou

como também me convidou para com ela tomar chá

servido com bolachas e queijo

que, naturalmente aceitei

e, foi ali que essa viúva me confessou

também ser vidente e que sempre

o seu marido como também fam

tanto familiares como amigos que já tínham partido

lhe visitavam com toda naturalidade

mas, que ela desconhecia que os animais

tínham também um espírito como nós de verdade

e, amavelmente lhe respondi, claro,

caso contrário não estariam vivos, de fato.

Silvio Parise
Enviado por Silvio Parise em 22/09/2022
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