AINDA ASSIM

E se as noites fossem sem orvalho,

Se as madrugadas não fossem frias,

Se o sol não aparecesse ao alvorecer,

Ainda assim eu sonharia.

Se por ventura não existissem mais os sonhos,

E fossem os sonos apenas meros descansos,

Sem que se pudesse vislumbrar sonhar.

Mesmo assim eu dormiria.

Se não sentisse o gosto de manga madura,

Se hipoteticamente a vida não tivesse mais sabor,

Ou se fossem os dias seguintes acres e sem cor,

Eu ainda viveria.

Ainda que pareça um tanto quanto insólito,

Esse meu jeito de olhar para o mundo,

E de viver e amar em cada segundo,

Esse é meu jeito! Assim eu sempre seria.

Se não fossem as minhas malas cheias de memórias

Se não fosse as minhas conjecturas e meus planos,

Ou aquela história que faz mais de um ano,

E se não fossem os danos,

Ainda assim, assim eu seria.

Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 19/09/2022
Código do texto: T7609526
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