EXISTÊNCIA
A milhas do meu corpo
Minha mente plana sobre rios de pensamentos
Que desaguam num oceano longe do firmamento
Inquieto das desolações do mundo
Onde viajo entre dimensões corrompidas
Num imaginário fantástico cheio de feras não contidas
Absorto do tempo e espaço a minha volta
Luto uma guerra astral entre minhas personas
Pacífico e calado se defende com letras o poeta
Entre devaneios e sonhos rabisca algoritmos o programador
Sem saber o que fazer com ideias de um futuro utópico sonhador
O romancista escreve livros que nunca termina
Ficções de um multiverso preso num cristal caleidoscópio
Que a cada reflexão sobre a luz se mostra um novo princípio
Um novo início...
A máquina que escreve o destino é lenta e procrastina
O tear que tece o tecido da realidade é confuso
Às vezes dar voltas sem parar parece minha sina
Como o ciclo da terra em volta do sol
Mas o meu epicentro é sempre uma pergunta
A mesma que traz toda reflexão dissoluta em revolta
O motivo de minha existência remota
O Porquê de todo pensamento abstrato e ação sem volta
Sou livre de verdade?
Ou apenas sigo as páginas escritas pela casualidade?
O Porquê sempre move tudo
Mas o combustível é a busca sem fim da epifania máxima
O esclarecimento da alma bem lá no fundo
A resposta é SIM e NÃO ao mesmo tempo
Acreditamos que escolhemos e assim o fazemos
Mas a causa e reação ditam o futuro que não enxergamos
Deixando vácuos no ato do questionamento
E se não o fizéssemos? Ou se o fizéssemos?
A escolha e a dúvida sobre a mesma respondem e questionam
Sendo a reflexão sobre os possíveis caminhos a ditadora dos próximos
Um paradoxo que nos traz ao início
Que nunca é o mesmo
O que nos faz traçar planos para um novo fim que jamais chega
Pois a existência é um ciclo que nos abraça e nos aconchega...
Rápido atravessando o cosmos eu retorno
Percorrendo milhões de estrelas eu acordo
A matéria volta a ser limitadora do meu meio
Os versos surgem como mágica no computador enquanto escrevo.
De volta a rotina, sinto que preciso de uma bebida ou irei enlouquecer.