A ROSA LOUCA DOS CORPOS
Dos tendões ligados e nervos atrelados aos músculos
Da carne protéica que todo trabalho realiza no corpo
As vezes anômalo
Imperfeito
E o corpo que devia realizar, se torna alvo do trabalho de outro corpo idealizado
Da volúpia e devassidão
Sem misericórdia e compaixão
O corpo violado é indefinido
Tal canção que compuseram pela metade, mas de melodia imperfeita
Que ninguém cantou ou cantará
Alvejado, assunto e sustentáculo desse universo de corpos
O corpo entrelaçado
O corpo desprezado é assimilado pelas dores
Encurralado por temores e receios
Procurado e perseguido
Teu é o corpo ou do outro?
Teu é o prazer ou o desgosto?
Enigma indecifrável onde ainda não passaram da derme
Muita coisa pra descobrir e a presunção de dizer que conhece o outro
Desconheces o corpo
Enganando o outro como a si mesmo
A rosa bruta dos corpos não direciona nem orienta
Geme a nudez
Doa-se, talvez
O resto ninguém sabe
Perdeu-se
Só restaram os ossos calcificados do que um dia foi e continua sendo o corpo
Na rosa louca dos corpos o perfume não se sente
Foi exalado há tempos
Na rosa muda dos corpos ninguém entende nada
Só o calor doutros corpos
Mais nada
E nada mais se entende
Na frase que se ouve sem falar
Na palavra que se expressa num olhar
Dois corpos vibram
Emitem sensações a princípio assíncronas
Depois simultâneas
Vibram
Abrindo espaço entre as lacunas
No místico enlace de corpos que se fundem sem emanar vontades explícitas ou nenhumas
O triunvirato sólido, antigo
Único dos sensoriais e latentes corpos que se sentem desprotegidos
Dois corpos gerando uma só alma
Explodem em brilho, em êxtase
Corpos primordiais e extremos
Na sensação suprema dos mortais
Depois o lapso de tempo e o resto não mais importa
O outro se torna o eu na compleição dos corpos e se mesclam em um
Até ultrapassar a eternidade
Até não mais serem
E ao universo pertencerem
27/08/2022
00:01hrs