Poemas
I
Fugir, andar,
andar sem rotas,
sem condenação,
ser vasto como
o tempo explodindo
a corola da Criação,
andar sem medir
o tempo com a mão,
andar e chegar
ao coração
de tudo e lá abraçar
a Origem, que é
Consagração.
II
Ver a noite,
apenas vê-la
entre as ruínas
de estranhos paraísos
soterrados, ver
a noite é perceber,
com os olhos de Centro,
que a única lua
é a que brilha por dentro.
III
Quando o dia
impreciso
se vai
a gente descobre,
com alarde,
que o Eterno
é dentro da gente,
o resto é tarde.
IV
Um carro rugiu
na madrugada.
A cidade dormia,
despedaçada.
Em cima uma estrela
malcriada
resolveu arrastar
a cidade pesada
em sua calda estelar.
O carro acelerou,
mas quem pegou a Estrada
foi a noite
estrelada.
V
Quando lhe disserem
que você é fazendeiro,
engenheiro, doutor,
ou qualquer outro embusteiro
mostre a eles
que você é você,
que eles são gente
que se vende por dinheiro,
mas você não,
você é verdadeiro.
VI
Para ser feliz é preciso ter paz.
Você só encontrará a paz
quando encontrar a si mesmo,
quando atravessar o rio
e no momento da travessia
se tornar água,
depois regressar
e se tornar ponte,
e então atravessar-se
e abraçar a Fonte.